Dancing Cheetah
20 de julho
Baptist (Alemanha) + Ajax (Gustavo mm + Filipe Mustache)
Antigo Dj de reggae e dub, na verdade, um dos fundadores de toda a cena sound system do sul da Alemanha, o alemão Baptist foi tomado de assalto de alguns anos para cá pela onda global guettotech que invadiu o pleneta. Baptist, que já morou um tempo no Rio, realiza no momento sua primeira turnê como “Dj global” pela América do Sul, passando por Argentina, Uruguai, Chile e Brasil.
Baptist – Bajo Global Tour Mixtape
—Dancing Cheetah entrevista Baptist—
DC: Como e porque vc fez a transição de dj de dub reggae para “dj global”? Quem mais te influenciou para essa mudança na sua carreira?
B: A tournê foi muito legal. Porém tenho que explicar que a tournê foi também uma viagem pela América do Sul aonde eu tentei conhecer mais esse continente, seus guettos, suas músicas e realizar alguns projetos, em parceria com a minha primeira tournê de DJ. Eu toquei em Valparaiso no Chile, e duas vezes em Mendoza na Argentina, no Uruguai eu sentei pra finalizar meu Mixtape e agora com vocês na Dancing Cheetah vai ser o fechamento da tournê. Até agora o show com a galera mais animada foi em Valparaiso (Chile). Curioso para mim foi a observação que em muitos lugares as pessoas não valorizam seu próprio guettobass local, no caso do Chile e da Argentina o Reggaeton e a Cumbia, mas gostam do guettobass de fora (p.ex. Dancehall, Dubstep). Talvez porque aceitar a cultura dos guettos de outros países parece de ser mais facil do que do guetto do outro lado da rua.
Encabeçado pelos experientes Djs de música eletrônica Gustavo mm e Filipe Mustache, o Ajax é um projeto, inédito, diga-se de passagem, que pretende levar “disco music exótica” para as pistas cariocas. Quanto a “disco music exótica” leia-se: turca, israelense, egípcia, indiana, jamaicana, árabe e por aí vai. mm é uma lenda: idealizador da Combo, do Projeto Morfina e da Clap!, além de curador da Gomus, o cara sabe tudo sobre tudo quanto é tipo de som. Filipe Mustache, da Calzone, se tornou nos últimos dois anos um dos mais requisitados Djs da cena. Clique aqui e baixe um mini-set feito para divulgar o projeto!
—Dancing Cheetah entrevista Ajax—
DC: Como nasceu o Ajax? E qual o conceito por trás do projeto?
A: Achamos que o Ajax nasceu de uma identificação nossa musical já que curtimos várias coisas “de pista” em comum; mas no caso do Ajax é principalmente pela “disco exótica”. Pretendemos inclusive continuar depois do convite da Cheetah, quem sabe fazer uns reedits… Vamos ver como conciliamos nossas atividades!
DC: E por que o nome Ajax?
A: Pela força sonora principalmente, mas também porque achamos que o nome combina com a “onda” que tocamos: forte, urgente e “funqueado”!
DC: Vcs acham que de uns tempos pra cá tem rolado uma tendência étnica na música eletrônica? Ou de certa maneira isso sempre rolou e agora está mais forte?
A: Achamos que sempre rolou (“sempre” literalmente: desde a disco do final dos anos 70 que já bebia da fonte étnica, passando pela mistura étnica no pos-punk e new wave, no hip hop minimalista do Timbaland, no afro house, enfim…). O que acontece agora é que a velocidade da informação satura as coisas mais rapidamente, então a linguagem auto-centrada das “metrópoles” não exprime a música do mundo inteiro. Daí fomos buscar nos guetos do mundo um “frescor” mais livre da homogeinização dos centros “ocidentais-capitalistas”!
DC: Falando sobre música eletrônica de uma maneira geral, o que tem rolado de mais forte nas pistas? E o que ainda vamos ouvir falar num futuro próximo?
A: Sentimos uma leve reação do espírito “pra cima” da boa house music; talvez para quebrar um pouco a “seriedade” de influências que vinham predominando no chamado Nu Disco como krautrock e outros… Talvez, e isso é não é uma aposta, só um “feeling”, tenhamos chegado ao fim da era dos “ciclos” (do “vai e volta” das linguagens). Achamos que a partir de agora vai ter espaço para tudo só que com um público/ ouvinte/ consumidor cada vez mais exigente. Nenhum estilo vai “sumir”, vai tudo é se fundir para resultados fantásticos! Ou talvez signifique uma diminuição da importância da música, pelo menos da forma como é apresentada agora (o próprio Brian Eno acredita nisso…). O importante é que “agora” tem muita coisa legal rolando e tá bonzão para dançar!!!!
Muuuito bom… DALE AJAX!!!